quarta-feira, 4 de novembro de 2009

This is it

Ontem fui assistir "This is it", o documentário que mostra os últimos ensaios de Michael Jackson, para os 50 shows que ele faria em Londres.

(Se você ainda não viu mas pretende ver, por favor volte aqui mais tarde. Não é justo eu estragar a sua surpresa de saber que o mordomo era o culpado!)

O filme é impressionante!

A produção do show era gigantesca, uma estrutura absurda, com "abuso" de criatividade, tecnologia e inovação. O filme mostra bem o que é foco e disciplina.

A multidão de dançarinos competentíssimos é uma atração à parte! Os caras são verdadeiros ginastas/acrobatas! Um vigor e uma energia de deixar qualquer um embasbacado!

Os músicos, com milhas e milhas de experiência (como não poderia deixar de ser) são fantásticos e atendem de forma certeira e precisa, tudo que o rei do pop queria em cada música.

Sim, Marcel, teria sido um show incrível!

Mas há que se revelar o 'lado B' do que é visto ali. Eu nem vou falar daquele figurino sempre estranho e da própria figura do Michael, cada vez mais bizarra. Isso se tornou sua marca e a gente se acostumou, afinal.
Eu me refiro à fragilidade explícita do grande astro!

Sua voz, mais decadente e sem potência do que nunca, é flagrada muito feia, com um vibrato "cabritado" horroroso, principalmente na música "The way you make me feel".

Ele desafina terrivelmente em "I just can't stop loving you"; simplesmente ele não chega no tom! Se não é a vocalista japa (fazendo dueto com ele) pra segurar a afinação, seria um desastre!
Nessa música inclusive, talvez por piedade, a equipe do show, presente no local, começa a vibrar e a aplaudi-lo, aí ele se empolga, dá tudo o que tem e no final confessa que "gastou" suas fichas antes da hora! Ele diz que não podia ter feito aquilo e que precisava se poupar!
Sério, dá muita pena!

Num outro momento, se não me engano na música "I want you back", eu tive a nítida impressão que ele esqueceu a letra da 1ª estrofe, tentou disfarçar que estava com problemas no fone, manda a banda parar e pede ao diretor Kenny Ortega que ajuste o som do fone, que está muito alto, tudo isso só pra recuperar a memória.
Tadinho!

Dançando, ele mostra que não esqueceu a arte que dominava como poucos e que fez dele uma referência. Mas é visível suas limitações físicas, o que é perfeitamente compreensível, pôxa!
Só que na música "Billie Jean" ele parece esquecer que tem 50 anos e se entrega! Nesse momento está ali o bom e velho Michael Jackson de sempre!

Eu chorei em "I'll be there", quando no final ele cita o nome de cada um dos seus irmãos e companheiros de Jackson's Five, fazendo sua declaração de amor à família.

Pra mim, um dos pontos altos do show é na música "Earth song". Todos os efeitos visuais usados, mais a mensagem de amor à natureza é muito comovente!
Aliás, ele fala muito em amor durante o filme. O amor ao próximo. Essa foi também uma das maiores bandeiras que ele carregou e defendeu ao longo de toda a sua carreira.

Outra coisa nítida pra mim no filme, foi constatar que artistas de grande porte são movidos a paparicação!
Eles estão cercados por uma espécie de legião de "personal bajulation".
Antes mesmo dos fãs, os próprios membros da equipe  do show alimenta o monstro e isso é muito páia!
Diria, inclusive, que eles são pagos justamente pra isso; mas como eles próprios são fãs, a babação flui muito mais fácil.
É por isso que muitos artistas dão piti, são grosseiros e fazem as exigências mais estapafúrdias! Eles sabem que sempre serão atendidos e mimados.
Pôdre isso!

Mas no caso de Michael Jackson, como ele era extremamente sensível (numa das entrevistas do filme, um músico da banda chega a dizer que além de muito gente boa, MJ é muito modesto) ele não parecia se encaixar nesse perfil de dar ataque de estrelismo. Ao contrário. Pessoa doce que era, é muito fofo vê-lo repreendendo os músicos em vários momentos. Ele mostra o erro, corrige e acrescenta: "Falo com amor, tá? É por isso que a gente ensaia."
Bonitim demais!

Com todos os excessos próprios de um mito e toda a escassez própria de um ser humano, Michael Jackson era a prova viva daquele dito popular: "quem foi rei, nunca perde a majestade."

"This is it" é isso!
Pena que o mocinho morreu no final!


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