quinta-feira, 16 de julho de 2009

Ser ou não ser justo

É difícil dizer, dentre tantas virtudes, qual delas é a mais nobre e admirável. Na verdade, todas elas o são, pelo simples fato de serem virtudes. Mas a justiça é uma virtude toda especial que persigo desde que me entendo por gente.

Justiça é bonito de se ver!
E olha que eu não estou falando de quando (raramente) vemos um político ou um empresário corrupto ser preso no Brasil. (
Quando se fala em justiça, isso é a primeira coisa que nos vêm à cabeça, né?). Também não estou falando daquele terrível bandido/ assassino/ estuprador/ pedófilo que foi condenado com rigor. Muito menos se aquele pênalti ou impedimento foi bem marcado pelo árbitro de futebol.
O que quero propor aqui é uma pequena reflexão sobre a justiça que praticamos em nosso dia a dia.
Claro que isso não se refere a julgar pessoas, pois esse é um terreno perigosíssimo.
Na Bíblia existe um provérbio muito interessante que diz: "Não sejais demasiadamente justos." Acredito que isso se aplica a esse caso, porque a nossa tendencia é julgar as pessoas pela aparência ou por fatos fragmentados; assim sendo, nunca seremos precisos no julgamento. Então, quanto a julgar pessoas
e suas intenções... melhor não! Até porque, na mesma Bíblia encontramos outra importante lição: "Com a mesma medida que julgamos os outros, seremos julgados." Já pensou, que risco?

O que abordo aqui é uma outra faceta da justiça.
Há alguns anos compus uma música pro 'meu' Coral que começa assim: "Em todo o tempo tenho mil escolhas pra fazer". Sim, nossas escolhas têm tudo a ver com a justiça.
Todo mundo quer sempre fazer a melhor escolha e para tanto é preciso julgar; mas pra julgar é preciso saber ouvir e avaliar todas as possibilidades com sabedoria.
Obviamente isso não é fácil e nem sempre acertamos, mas podemos dizer que uma pessoa justa anda em retidão; busca ser correto e íntegro nas mínimas coisas; não passa a mão na cabeça de ninguém porque não tem essa de "protegidos"; defende o que é certo, custe o que custar.
Por isso o símbolo da justiça é a balança (equilíbrio) e uma mulher de olhos vendados (imparcialidade).
(O porquê de ser uma mulher, sinceramente, eu não sei a razão!)



Pena que isso está tão fora de moda!
Hoje em dia, uma pessoa com o perfil acima é vista como trouxa ou mesmo entediante.
Que pena!
Se eu pudesse, escolheria estar cercada de pessoas assim, o tempo todo!

Toda pessoa que lidera qualquer tipo de grupo de gente, tem que buscar sempre agir com justiça. Seja os pais, os professores, os patrões, os chefes de repartição ou departamento... Os liderados têm que sentir que são tratados com igualdade, pois só assim vão respeitar o líder e a punição, quando ela precisar ser aplicada.

Nas relações e em todas as atividades humanas, seremos sempre convidados, pela vida, a escolher entre ser justo ou não; entre devolver o troco a mais ou não; entre jogar o lixo no chão ou não; entre levar vantagem em detrimento do direito do outro ou não; entre prestigiar um circo com animais mal tratados ou não; entre comprar produto roubado ou não; entre economizar água ou não; entre incentivar um ingênuo a fazer papel de idiota ou não; entre participar da campanha do agasalho ou não; entre fazer corpo mole no trabalho, sobrecarregando o colega ou não; entre ter preferência por um filho ou não; entre socorrer uma pessoa que passa por um grande vexame ou não; entre sentar no banco dos idosos no ônibus ou não; entre buzinar na frente de hospitais ou não; entre ir no gerente elogiar o bom atendimento do seu funcionário ou não; entre boicotar toda pessoa ou empresa que descumpre a lei ou não; entre fechar o cruzamento de ruas ou não; entre ajudar um cego a atravessar a rua ou não; entre cumprir aquele passeio prometido ou não; entre fazer acepção de pessoas ou não... Tudo depende da consciência e do senso de justiça de cada um.

Termino com uma história fantástica que ilustra muito bem a mensagem que quero deixar. Eu a li há muitos anos atrás na também fantástica revista Seleções (Readers Digest).
O ator Michael J. Fox fez muito sucesso nos anos 80, principalmente por ter sido o protagonista no filme "De volta para o futuro". Quando ele ganhou seu 1º prêmio de expressão no cinema, chegou em casa todo orgulhoso e pôs seu troféu em um lugar de destaque na estante da sala.
Sua mãe, também feliz e orgulhosa, teve um atitude que poucas, talvez, teriam: foi lá no armário e pegou os troféus que seu outro filho (anônimo) ganhou em campeonatos de natação da escola e os expôs na estante também.

QUE LINDO!
Dou valor demais!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Pequena homenagem antes do adeus

Desde que surgiu, sua especialidade se tornou assombrar o mundo!
Primeiro com seu talento absurdo de artista completo; e por último, um artista tão talentoso e seus completos absurdos!

Quando o seu quinteto atravessou as fronteiras da própria casa, em direção ao topo do mundo, ele, o caçula aos 10 anos de idade, já tinha 5 discos gravados! (Onde já se viu uma coisa dessa?!)
Ao se separar dos seus irmãos, ninguém nunca podia imaginar que ele entraria numa viagem sem volta, rumo ao sucesso absoluto!

E foi sucesso atrás de sucesso! Vitória em cima de vitória! Recordes quebrando recordes! Ninguém alcançou suas marcas!
Será que algum outro artista emplacou mais hit's que ele? Será que algum outro artista teve mais intimidade com as paradas da Billboard, o termômetro mais preciso de quem manda musicalmente?
Acho muito difícil, mesmo para nomes como Beatles ou Elvis.

No início tudo era uma deliciosa novidade: o som e a dança inigualáveis!
Ele, super disciplinado, tinha obcessão por ser original, inovador. Mas mais que inovar, ele revolucionou a música, a dança e principalmente o jeito de fazer videoclipes. Foram tantos! Cada um mais fantástico e surpreendente que o outro! (Acho que conheço todos eles).

Como musicista, eu sempre admirei seu repertório variadíssimo, com aqueles vocais incríveis, poderosos e tão característicos ("Rock with you", "Off the wall", "Remember the time", "You rock my world", "Break of dawn", "Blame it on the boogie"...), riff's inesquecíveis ("Thriller", "Wanna be startin' somethin", "Black or white"...) aquelas batidas sensacionais ("Don't stop 'til you get enough", "In the closet", "They don't care about us"...) que não deixavam ninguém parado!
Mas nem tudo era alto astral. Ele fez melodias melancólicas como "Give in to me", "Earth song", "The lost children" e a tristíssima "Happy".

E as baladas românticas? ("The lady in my life", "One day in your life", "You are my life", "I just can't stop loving you", "Gone to soon"...) Noooooooossa!!!!
Sem falar em alguns clássicos, com mensagens tão bonitas que até hoje me levam às lágrimas, como "Heal the world", "Cry" e "We are the world".

Em tudo que envolve e abrange música, ele deu aula!

Sua influência foi tão vasta e inegável, que ele alcançou até a música cristã contemporânea. Quando ouvimos "Ben", "Music and me", "I'll be there", "Got to be there" ou "You are not alone", vemos arranjos muito familiares.
E o contrário também é verdadeiro, pois a música gospel americana notoriamente o inspirou como em "Man in the mirror", "Keep the faith" e "Will you be there", onde logo na introdução, ouve-se um coral que parece ter saído dos tempos de Martinho Lutero.

Ele retratou, como poucos, o tal sonho americano. Em sua brilhante carreira de artista consagrado nos 4 cantos do globo terrestre, abraçou todas as honras possíveis que um mortal pode ter.
Se bem que ele não parecia ser um mortal qualquer. Era uma máquina! E ele mesmo entrou numas de se achar diferente dos demais mortais. Na verdade, ele parecia realmente crer que era imortal; até batizou o seu lar doce lar de Terra do Nunca.

Foram 45 anos dedicados à música. E música da melhor qualidade!
Consequentemente vieram o dinheiro (muito dinheiro), a fama, os abusos, a superexposição e a exaustão.
Conheceu as glórias e agruras do sucesso; diante dos nossos olhos, ele foi do céu ao inferno; todos nós testemunhamos a ascenção e queda de um rei.

De menino prodígio - às custas de muita opressão, maus tratos e cobranças desumanas feitas por um pai carrasco, inescrupuloso e repugnante - ele se tornou um homem perturbado e experimentou uma vida cheia de altos e baixos, com direito a uma infinidade de polêmicas, escândalos, mistérios e homéricos prejuízos financeiros e moral.

Ai meu pai, como esse homem vacilou na vida!
Não deu outra: foi parar no limbo da decadência.

Mas mesmo decadente, ele sempre foi notícia.

Protagonizou péssimas escolhas que repercutiram longe e longamente.
Alguém aí engoliu seu casamento com Lisa Marie Presley?!
Alguém aí entendeu como se deu a sua paternidade?! A mãe era biológica ou "só" uma barriga de aluguel?! E aquelas crianças tão branquinhas e loirinhas?! (Ele embranqueceu, mas seu dna permaneceu black, gente!)

Houve um tempo em que ele vivia nas manchetes dos jornais, não por causa de sua arte, mas por tantos motivos negativos: as brigas familiares, as plásticas intermináveis, o vitiligo, o aspecto andrógino, o seu estilo de vida estranhíssimo, a sua aparência física monstruosa e por ter sido figura fácil no banco dos réus, com um montão de processos nas costas.

Dentre tantos fatos inusitados e desconfortáveis, uma coisa sempre me intrigou: por que será que ele insistia em fazer cara de mau, tentando vender uma imagem de durão, agressivo e até violento? Em seus clipes era muito comum vê-lo associado com gang's, brigas de rua, sedução da mulher alheia, gritos, quebradeira (janelas, carros)... Por que essa necessidade de auto-afirmação? Será que ele achava que convencia alguém?!
Sem dúvida ele criou um personagem para fugir de sua realidade infeliz. Aquele cara dos palcos era o seu alter ego.

Mas eu nunca caí nessa, ao contrário; apesar disso tudo, ele me passava muito mais a imagem de pessoa doce, sensível e frágil, do que de "Bad" ou "Dangerous".
Por isso mesmo, nunca acreditei que ele fosse capaz de cometer uma barbaridade como a pedofilia.
Não! De jeito nenhum!
Ele amava as crianças porque se sentia uma delas.
Nesses últimos dias eu vi o relato de muitos amigos dizendo que ele era um cavalheiro.
As crianças, inclusive, sempre foram o maior alvo de sua generosidade e benemerência.

Ouvi também muitas comparações com a vida e carreira do Elvis. Realmente há muitas semelhanças: ambos tinham uma dança única, um figurino único e foram igualmente vítimas de parasitas que os exploraram até à última gota!
A grande diferença entre os dois, talvez, é que um se perdeu por causa da ausência da mãe e o outro se perdeu por causa da presença do pai.

Michael Jackson foi o maior ídolo que tive em toda a minha vida!


Assim como o homem mais poderoso da terra, Barak Obama, e milhões ao redor do planeta, eu também cresci ouvindo Jackson's 5 e depois acompanhei intimamente sua carreira solo.

Mas foi a partir do extraordinário álbum "Thriller" (1982) que, em minha adolescência, virei uma verdadeira fã!
Gastava minha mesada comprando discos, revistas e cheguei a andar com milhares de botton's de Michael Jackson em minha jaqueta.
Eu e meu irmão o idolatrávamos! Consumíamos tudo que vinha dele!
N
a música "The girl is mine", Michael Jackson e Paul McCartney fazem um dueto e um diálogo. Eu era o Michael e meu irmão era o Paul. Depois isso era invertido, para sermos justos!
Passávamos horas e horas ouvindo e aprendendo suas músicas, decorando seus improvisos, lendo sobre ele e, claro, tentando de todo jeito descobrir o segredo do "moonwalker".

Foi a época em que estive mais próxima do meu irmão, pois já estávamos deixando aquelas infantilidades de brigas e competições tão comum entre irmãos e descobrindo que podíamos ser grandes amigos. Mas como me casei muito cedo, aos 18 anos (1986), tivemos pouco tempo pra isso.
Michael Jackson me remete justamente a esse período tão feliz e saudoso da minha vida.

É bem verdade que o rei do pop me fez muitas raivas também, quando algumas vezes, foi obsceno demais, bizarro demais e até piégas demais! Sua magreza excessiva também me incomodava. (Pôxa, 50 quilos?!)

Com a maturidade veio o entendimento dos terríveis perigos e malefícios de toda e qualquer forma de idolatria e fanatismo. Há muito tempo abandonei essas coisas, mesmo assim, sempre guardei um profundo carinho e respeito por esse artista sem igual.

Pra mim ele foi tão gênio quanto Bach, Leonardo da Vinci, Shakespeare, Isaac Newton, Albert Einstein, Pelé e alguns outros raros seres que passam pela terra e deixam pra sempre sua marca na História.
Michael Jackson foi o maior popstar que o mundo já viu!
Nunca mais haverá outro como ele!
Sua obra atravessará gerações porque foi consistente, significativa e tão relevante.

Na noite de quinta-feira, 25 de junho, ao receber, à queima roupa, a notícia de sua morte, por um amigo e funcionário da família, fiquei paralisada, em choque! (Eu nem sabia que ele havia "subido no telhado"!)
Que perda! Muito difícil de acreditar.
Fiquei tristíssima!

Eu choro a sua morte porque tenho muita pena de quem ele se transformou nos últimos tempos; pena de seus filhos que perderam seu mais confiável protetor e a partir de agora serão disputados como se fossem galinhas dos ovos de ouro; mas acima de tudo, choro pela falta que ele vai fazer. Tenho muita pena da música, que nunca mais será a mesma sem ele.
(1958 - 2009)


domingo, 5 de julho de 2009

Vale Oscar (1)

Só ontem, finalmente, pude assistir à película "O curioso caso de Benjamin Button".
Que filme! (Adoro drama!)
Roteiro incrível e desconcertante, mas uma linda história de amor.


Vencedor merecido de 3 Oscar's (
nas categorias de Melhores Efeitos Especiais, Melhor Direção de Arte e Melhor Maquiagem) o enredo foi inspirado na famosa frase do escritor americano, Mark Twain: "A vida seria infinitamente mais feliz se pudéssemos nascer aos 80 anos e gradualmente chegar aos 18".
(Discordo totalmente!)

Não vou comentar o filme pra não cair na tentação de contar tudo e tirar o seu interesse, mas além do ótimo programa, o filme em si, duas coisas antagônicas me chamaram a atenção nos atores principais: a beleza e a feiúra.
Brad Pitt, com a impressionante maquiagem de velho, está assustador; mas ao natural, lindo como sempre!
Cate Blanchett é que foi uma surpresa pra mim: uma beleza aristocrática de entorpecer!
Já a Julia Ormond, no papel de filha, está caidaça! Nem parece aquela linda mulher de "Lendas da paixão" ou a Gwenevere, que provocou uma guerra em Camelot entre o Rei Arthur e Lancelot, no filme "Lancelot, o primeiro cavaleiro".

Se você quer assistir a um filme com uma história original e muito interessante, recomendo "O curioso caso de Benjamin Button" com louvor!
Mas é bom reforçar o estoque de pipoca, porque trata-se de um longa com quase 3 horas de duração.