Cena 1:
-Pois é, Fulano, precisamos marcar de vc ir lá em casa qualquer dia desses.
-Você promete, promete e nunca convida!
Meu amigo, tenha um pouco de amor-próprio! Mendigar convites, seja pra que evento for, é deplorável!
E o outro interlocutor, que ficou com cara de tacho diante dessa resposta desaforada, deve aprender a lição e nunca mais falar coisas vagas assim.
É chato demais!
Todo lugar-comum deve ser ferrenhamente evitado!
Cena 2:
-Eu fiquei sabendo que você vai se casar! Que beleza! Olha, eu faço questão de ser o fotógrafo, viu? Não se esqueça que, de todos os fotógrafos lá da delegacia, eu sou o mais experiente! Já tive um lambe-lambe no parque municipal e fui fotógrafo do IML por 11 anos!
Se é uma ocasião pra proliferação de constrangimentos, é casamentos, viu? O que aparece de 'amigos' se oferecendo pra prestar serviços, não é brincadeira!
Não há problema algum em se prestigiar os amigos profissionais do ramo, pro seu evento, mas há que se ter muita cautela! Muitas vezes o barato sai caro, você corre o risco de arranjar desafetos e o que era pra ser o dia mais feliz da sua vida, vai ser lembrado com frustração e desgosto!
Não é porque é amigo que você é obrigado a contratar não, oras.
Haja profissionalmente e separe as coisas: pesquise, faça orçamentos, compare e fique com o que mais lhe agradar e convier.
Se for o amigo, ótimo. Se não for, ótimo também, uai!
Muito simples!
E você, amigo oferecido, fica na sua, pô! Vai constranger gente da sua laia!
Cena 3:
-Tô muito chateado com você, viu? Fiquei sabendo que semana passada vc deu uma super festa de 15 anos pra sua filha e nem me convidou, né?
Amigo, ir tomar satisfação porque o dono da festa não te convidou... putz! É o fundo do poço!
Definitivamente essa é a pior estratégia que alguém pode usar pra descolar um convite!
Sendo pelinha desse tanto, sua fama vai se espalhar rapidinho e o boicote à sua pessoa será generalizado!
Cena 4:
Você envia um convite, com convitinhos individuais anexados para cada membro da família e um dos convidados se acha no direito de te pedir mais, pra poder levar o restante da parentela que, com certeza, é gente que você nunca viu na vida!
Ano passado eu fui anfitriã de um grupo de amigos que veio passar um fim de semana na minha cidade, Belo Horizonte. Dentre eles, uma querida amiga, às vésperas do seu casamento.
Estávamos passeando no shopping, quando ela recebeu um telefonema no seu celular, que quase estragou o seu dia. Era um dos convidados do seu casamento, pedindo mais convite, porque queria levar a mãe à festa!
Meu... É demais!
1º) Àquela altura, a lista já estava fechada!
2º) Os noivos não conheciam a tal progenitora!
3º) Mesmo que tivesse convite sobrando, os noivos é que sabem quem eles querem que estejam em sua festa! (Vide postagem "Bizu amigo 1")
4º) Se liga, mané!
Minha amiga, tão gentil e delicada, pega de surpresa com tão grande disparate, não soube o que responder e isso a fez sofrer demais, porque, mesmo não sendo uma pessoa mesquinha, entendia que aquilo era um abuso! Um absurdo!
Claro que é!
Que vergonha alheia!
Depois ela me contou que tinha um plano e, com jeito e tato, já sabia como ligar o sinal vermeho pro folgado!
Que horror, não? Como eu quero distância desse povo!
Cena 5:
Amiga! Semana que vem tenho uma festa de arromba pra ir e eu tô tão sem roupa! Me empresta aquele seu vestido Armani poderoso, que sua mãe trouxe da Europa?
Vamos ver se você tá esperto: qual é a resposta certa?
Letra A) Você vai querer um cafezinho também?
Letra B) Eu não tenho nada a ver com a pobreza do seu guarda-roupa!
Letra C) Você me empresta seu óleo de peroba de estimação, pra eu te responder à altura?
Letra D) Eu também vou nessa festa e vou com o MEU vestido Armani poderoso!
Letra E) Não!
Caríssimos, não se trata de egoísmo, de mesquinharia ou apego aos bens materiais! É simplesmente uma questão de boicotar gente folgada, sem modos e sem noção!
Onde é que já se viu uma coisa dessa?! A pessoa tem que ter um mínimo de senso!
O mais incrível é que, normalmente, coisas que não se emprestam são solicitadas por pessoas com quem você não tem intimidade alguma!
Uma coisa é você pedir emprestado uma caneta, uma escada (no caso de vizinhos), um cd ou um livro. Outra coisa é o sujeito pedir roupas, o carro ou qualquer outra coisa de maior valor monetário ou mesmo sentimental! Isso não se faz!
No caso de roupas ainda tem a questão da higiene! Conheço casos em que o dono da roupa, ao ter sua peça devolvida, pegou micose e outras ziquiziras que, até sarar, foi um tormento!
Ah, me poupe!
Cena 6:
Você está se divertindo entre amigos e eis que um casal do grupo começa a se estranhar e partir pra ignorância, brigando na frente de todos! (Obviamente o constrangimento vale na versão pais e filhos, chefe e subalterno e assim por diante)
Ai, ai, ai! Que coisa feia! Vou por os dois de castigo, ajoelhados no milho cru, com a face voltada pra parede, por 53 minutos, heim?
Não adianta disfarçar, todo mundo fica desconcertado porque não tem graça nenhuma!
Minha cara queima só de pensar em presenciar uma coisa dessa!
É horrível!
Quer brigar, apelar pra todos os xingamentos existentes? Claro que você devia procurar o entendimento sem nada disso, mas se o seu desejo ardente é ofender a cara-metade ou qualquer outro semelhante, pelo menos espera chegar em casa ou uma oportunidade em particular, pôxa!
Fazer isso na frente dos outros é baixo nível demais!
Cena 7:
O contrário também é verdadeiro.
Você está se divertindo entre amigos e eis que um casal do grupo começa a se 'afagar' com toda a veemência e a se tratar por apelidinhos íntimos, fazendo voz de demência, na frente de todos:
-Vem cá meu bilonguinho! Eu tô molendo de xaudade de voxê, tchutchuco! Cadê o narizinho mais lindinho e arrebitadinho da cidade, heim? Heim? Vou te pegar, meu bebê!
-Vem, bilonguinha! Vem pros braços do seu amorzão, vem! Minha Rapunzel totoza!
Precisa mesmo fazer algum comentário?!
(...)
S-O-C-O-R-R-O!
Cena 8:
-Você viu que sujeitinho detestável aquele ali de camisa amarela com bolinhas vermelhas? Olha como ele tem uma cara de cafajeste! E tá se achando! De onde será que surgiu essa marmota? Você o conhece?
-Sim, é meu pai.
É por essas e outras que a boa educação manda a gente manter a boca bem fechadinha, quando vem aquela louca vontade de falar mal dos outros!
Tudo bem que ninguém é de ferro e a gente se espanta com cada coisa que vê por aí, né? Mas se você tiver que fazer algum comentário negativo, que seja no máximo sobre atitudes reprováveis, afinal, contra fatos não há argumentos. No mais, morda a sua língua e espere a vontade passar!
Cena 9:
-Beltrana! Como vc engordou! Seu pai está te preparando pra corte?
Pára tudo, gente!
A pessoa que consegue reunir grosseria, falta de educação, indelicadeza e incoveniência numa só frase, sinceramente, deveria ser levada amordaçada, encapuzada e algemada direto pro calabouço!
15 anos sem ver a luz solar!
Por favor!
Fofa, toda pessoa que está engordando, sabe disso!
Em nossos dias, o espelho é um utensílio bastante acessível e todos os habitantes da terra têm, pelo menos um, em casa, portanto, o gordinho não precisa de nenhum insensível pra avisá-lo dessa situação indesejável, que normalmente traz desconforto e afeta bastante a auto-estima!
Sem contar que muitos engordam porque estão em tratamento, fazendo uso de alguma medicação como a cortizona, por exemplo, que incha o sujeito; ou seja, sua deselegância pode repercutir ainda mais longe!
Comentário infeliz desse tipo é totalmente dispensável.
Cena 10:
-Gente! Gente! Olha que maravilha! Nossa amiga está grávida de novo! E com um barrigão desse, já deve estar de uns 7, 8 meses, heim?
-Não é gravidez! É gases!
Como lidar?!
Toma, seu distraído! Como diria uma amiga minha: a morte é melhor!
Caro leitor, você pode até pensar, mas num caso desse, nunca abra a boca se não tiver certeza! Mesmo com todas as evidências visuais, guarde suas conclusões para si, até ter a confirmação de suas suspeitas, de preferência, pelo próprio sujeito!
Cena 11:
-Nossa! Você cortou o cabelo? Ficou igualzinho o Didi Mocó!
Taí uma situação que me deixa estupefacta: a capacidade que alguns têm de serem extremamente rudes!
Sim, isso é coisa de gente muito primitiva, que parece ter morado a vida inteira em cavernas, como um ermitão e não sabe o que é a civilização!
Tem pessoas que fazem esse tipo de comentário por zuação ou por serem simplórias demais, mas não há justificativa! Em qualquer um dos casos, comentários assim são uma demonstração suprema de estupidez!
Se você não pode comparar uma pessoa com outra melhor, fique calado!
Se você não tem nada de bom pra enaltecer numa pessoa, fique calado!
Lembre-se: franqueza sem polidez, é grosseria!
Só digo uma coisa: se você é amigo de um sujeito desse naipe, vocês se merecem!
Cena 12:
-Quiridão, experimente minha mais nova especialidade culinária: sorvete de macarrão com calda caramelizada de carqueja, que delícia!
-Sabe o quê que é, eu acabei de almoçar e já comi sobremesa por hoje.
-O queeee??? Você não pode rejeitar uma iguaria dessa!
-Eu realmente estou satisfeito.
-Não, não e não! Eu faço questão!
-Eu também faço questão de NÃO experimentar!
-Não acredito que você vai me fazer uma desfeita dessa!
-Desculpe-me, não me leve a mal, mas...
-Já sei! Você está com vergonha, né? Por favor, sem frescura! Você é de casa!
-Olha, eu não...
-O que é uma tigelinha de 800 ml?! Toma! É todo seu!
Eu não sei você, caro leitor, mas pra mim, não há nada mais detestável que gente insistente ou mesmo uma insistenciazinha isolada aqui, outra acolá!
Ô chatice sem fim!
Porrrrrrrrrrrrrrr favorrrrrrrrrrrrrrrrrr, se você tem amor à vida, NUNCA, JAMAIS, EM TEMPO ALGUM, NEM SOB AMEAÇA DE MORTE, insista comigo!
Eu insisto: NÃO INSISTA!
Nem que seja pra ir à festa do ano na mansão dos Gates ou dos Slim, no Palácio de Bukingham ou uscambaw! Simplesmente NÃO INSISTA!
Será que eu fui suficientemente clara?
Definitivamente, a insistência que constrange é coisa do demo!
Que coisa terrível é se sentir encurralado com a insistência dos outros!
Minha nossa!
Pode ser doloroso, mas uma lição que precisamos aprender o quanto antes, é dizer "não"!
Eu confesso que demorei mas aprendi e hoje pra mim é tão natural, que é capaz do próprio sujeitinho inconveniente ficar constrangido!
Uma coisa é certa: ou você aprende a sair por cima de situações desse tipo, ou vai ter que desenvolver uma criatividade ilimitada para desculpinhas novas. Ou então torcer pra ter sempre uma samambaia por perto, pra receber seus rejeitos!
Cena 13:
Uma coisa é uma pessoa ser educada e agradável com desconhecidos. Outra coisa, muito diferente, é uma pessoa entrona e inconveniente!
Eu detesto essa segunda classe, que é gente sem classe nenhuma!
Já viu aquele cara "amigão", que te conhece hoje e já vem cheio de intimidade?
Credo! Dá nos nervos!
Tem muita gente sem desconfiômentro nesse mundo!
Você dá um sorriso e ele já pensa que é seu amigo de infância; você estende a mão e ele pensa que o gesto é um convite pra passar férias em sua casa; você fala alguma palavra gentil e ele toma conta da situação como se fosse um membro da família!
Menino, o que é isso?!
Esse tipo pimpão não sabe que um pouco de cerimônia e formalidade não faz mal a ninguém e é fundamental pra se manter a longevidade das amizades!
Cena 14:
-Oi pessoal! Tudo bem com vocês?
-N O S S A S E N H O R A!!!!! Abriram a tampa do bueiro! Que bafo é esse, companheiro?
Se é uma coisa que deixa meu coração peludo (de raiva e indignação!) é ver uma pessoa humilhando outra e o pior, como "brincadeira"!
Seja por qual motivo for! Nada, nada, nada no mundo justifica isso!
Nos relacionamentos, em qualquer nível, acho que é a atitude mais hedionda que pode haver!
Humilhar alguém, principalmente se a pessoa é tímida, simples ou inferior (por hierarquia, cultura ou classe social), é a maior covardia que há!
Eu, com minha eterna mania de defender os fracos e oprimidos, se vejo uma cena dessa, não penso duas vezes em reverter o constrangimento pro opressor!
Acho abominável!
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Bem, chega de maus exemplos! Pra fechar o post em alto nível, um episódio famoso e ultra positivo de um constrangimento sabiamente contornado.
Eu vi alguém contando esta história no programa "Sem censura", há alguns anos atrás.
Era uma festa formal, pompa e circunstância, todos de black tie, milhões de pratos, talheres e copos à frente de cada convidado; tudo muito requintado.
Eis que a anfitriã, uma socialite paulista, vê um de seus convidados beber o líquido que estava numa delicada vasilha. Aquilo não era de beber! Era um recipiente com lavanda, próprio para se lavar a ponta dos dedos, já que, mesmo em jantares formais, alguns pratos são servidos com a mão.
Não só a anfitriã viu a cena, mas muitos dos demais presentes.
Constrangimento total!
A dona da festa não teve dúvida: pegou a vasilhinha de lavanda mais próxima e... bebeu também!
Isso sim, é elegância e generosidade!
Aplausos pra ela e pra todos os que respeitam o próximo, bem como as regras de convivência!
Clap,clap,clap,clap,clap,clap,clap,clap,clap,clap...